CULTURA BRASILEIRA ESINCRETISMO RELIGIOSO
AUTOR
*Mauro Ferreira de Souza é
Bacharel em Filosofia e Teologia (Universidade Mackenzie), Direito (UNIB),
Especialista em Filosofia Contemporânea e Historia pela (Universidade
Metodista) e Mestre em Ciências da Religião pela Universidade Mackenzie São
Paulo. Doutorando em Filosofia.
Currículo CNPQ: http://lattes.cnpq.br/6652104071439857
SUMÁRIO
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
CAPITULO I
DEFINIÇÕES
DOS TERMOS
1.1 Cultura
1.1.1 Elementos de
Formação da Cultura Brasileira_________________8
1.1.2 Formação da
Identidade Nacional___________________________12
1.2 Religião ____________________________________________ 17
1.2.1 Uma Compreensão Sociológica _________________________
22
1.2.2 Religião como Fenômeno de Poder_______________________25
1.2.3 Religião e Cultura: Max Weber _________________________28
1.3 Sincretismo
___________________________________________33
CAPITULO II
PRINCIPIOS
DO SINCRETISMO
2.1 Miscigenação do Brasil _____________________________________41
2.2.1 O Caso de Caramuru na Bahia _____________________________44
2.2.2 O Caso de João Ramalho em São Paulo ______________________52
CAPÍTULO
III
FATORES
DO SINCRETISMO RELIGIOSO
3.1 Relações entre cultura e Religião_____________________________64
3.2 Acomodação Cultural______________________________________65
3.3
Assimilação Cultural______________________________________69
3.4 Cultos Sincréticos ou culturais?
CAPITULO IV
CAMPO RELIGIOSO BRASILEIRO ATUAL
4.1 Confluências, Conexões e Divergências
4.2 O Caso da Universal e outras
4.3 É Possível um Dialogo Inter-religioso?
CONSIDERAÇÕES FINAIS
ANEXOS
PREFÁCIO
*Prof.
Dr. João Batista Borges Pereira
[...]...
CONSIDERAÇÕES
INICIAS
A vida em sociedade pode ser vista com mais
profundidade especialmente quando se percebe melhor a questão crucial que a
envolve a da relação complexa e delicada entre o indivíduo, a religião e a cultura.
Essa questão preocupou os estudiosos e pensadores do passado e do presente,
tantos incontáveis de todos os tempos.
Este tema despertou a minha curiosidade ao concluir Mestrado
em Ciências da Religião pela Universidade Mackenzie, especialmente na área de concentração
em Sociologia da religião e História social voltada ao campo religioso
brasileiro. Ademais, também por longos anos querer entender a complexidade religiosa
no Brasil.
Esta curiosidade se tornou mais forte ao ter contato
com o professor João Batista Borges Pereira, um apaixonado pela antropologia social
especialmente no campo nacional e a interdisciplinaridade entre religião e
cultura no campo de pesquisas para entender a formação do povo brasileiro. Filósofo-antropólogo
de grande monta, embasou e deu suporte técnico para que eu pudesse desenvolver
esta pesquisa.
Entretanto, não é nosso intuito debater aqui neste trabalho
acerca de teorias academissistas, nem tampouco discutir as relações da
subjetividade, mas enfatizar a importância religião na cultura e na sociedade
brasileira, bem como discorrer sobre o processo sincrético por que passou historicamente
a formação nacional ou a formação do povo brasileiro.
Daí notei que era impossível
ignorar o papel da religiosidade do povo brasileiro na cultura e da cultura na
religiosidade. Para tanto, percebi que a religião é como um espelho que mostra
as vertentes da formação cultural de qualquer povo. E para explicar este
fenômeno, tem-se o elemento determinante que é o sincretismo religioso que eu
discuto aqui.
Entender a religião, a cultura e o sincretismo
devem-se retomar uma pesquisa no quais fatores históricos, sociológicos,
antropológicos, filosóficos e políticos se cruzam.
Assim, pede-se
uma investigação mais abrangente, pois os fenômenos religiosos e a cultura
sempre estarão em voga na sociedade. Assim, nessa perspectiva, esse trabalho
tenta entender historicamente o fenômeno sincretista brasileiro em
interface com a cultura.
Diferente
de outros Países colonizados por europeus, o
Brasil foi palco de um intenso processo de miscigenação e integração
entre as várias culturas, mesmo aquelas
que se aventuram em visitá-lo e que por aqui ficaram e se constituíram
família. Essa integração não se deu apenas pela miscigenação como também pelo
sincretismo religioso.
Colocamos
aqui os povos principais: povos indígenas e africanos, além de católicos
portugueses como protagonistas da gênese do sincretismo religioso, tornando
assim o Brasil o Pais mais sincrético do mundo.
Vamos destacar ainda, que quando falamos em
indígenas, africanos e lusos, atentamos para as peculiaridades existentes em
cada um desses grupos humanos, pois nenhum deles se constitui como etnicamente
ou culturalmente isento de influências de outrem.
Ademais, vive-se, atualmente,
discutindo nos meios intelectuais temas religiosos em interface com outras
ciências humanas e sociais. Haja vista a problemática mundial e atual da discriminação
religiosa, da liberdade religiosa as quais influenciam em todas as esferas da
sociedade.
Embora o referencial teórico seja
histórico dissertativo, propõe-se, entretanto um estudo relevante da identidade
nacional tendo como traço marcante desta a religião ou o ideário religioso
construído a partir do sincretismo religioso e suas implicações ou ajustes na
cultura brasileira.
A religião como fenômeno humano
na história, faz parte da vida social, e, nesta perspectiva influencia os vários
setores da sociedade, da cultura e do cotidiano das pessoas. Aliás, a sociedade
deve ser entendida como “lócus” de expressão da cultura e da religiosidade.
A religião possui um significado
social singular, sua força movimenta os mais diversos problemas sociais e
pessoais do planeta. Sem questionar a subjetividade da cada crença, este livro
apresenta um estudo no qual mostra o Brasil como um País com uma das maiores
concentrações de sincretismo religioso do mundo. Nesta perspectiva, é um dado
que pode surpreender, já que a história sempre priorizou a formação cultural
católica do nosso povo. Ademais, a religião foi o meio de colonização desta
terra.
Entender o fenômeno religioso
sincrético e sua relação com a cultura é a proposta deste livro. Por outro lado,
o ambiente cultural se acostumou à idéia de que não tem muita coisa relevante
na religião para acrescentar à realidade. Essa visão passou a ser a ótica
especialmente da maioria dos intelectuais de diversos campos do saber acadêmico,
sem contar com um grande número dos que estudam a cultura sem fazer uma
interface com os aspectos históricos religiosos.
Para os estudiosos da religião,
deve-se olhar o campo religioso brasileiro em interface com outras ciências
humanas e sociais para melhor entender a sociedade brasileira bem como suas
tendências contemporâneas.
Portanto, essa obra parte de
estudos interdisciplinares, a partir da perspectiva da história social, da
sociologia, da antropologia, da psicologia e da filosofia, e é claro, das
nuances teológicas do campo religioso brasileiro.
Embora trabalho aqui com
muitos autores brasileiros numa perspectiva antropológica, não me eximiu de
fundamentar os conceitos necessários da Escola de Moscovici, e especialmente
com autores como: Durkheim, Weber, Bourdieu, Berger, Delumeau, Le Goff e Laura
de Mello, entre outros, a fim de estabelecer paralelos entre as teorias, seus
pontos e contrapontos, para adentrar no campo religioso brasileiro e extrair
dele o aspecto histórico sincrético. Afinal, os teóricos pátrios também usaram
destes recursos, não sou o primeiro.
Ademais, este livro não
pretende ser o complemento de outros autores ou uma nova pesquisa. É apenas a
abertura de um debate para entender o campo cultural e religioso atual.
Apesar de muitos já terem
debruçados no assunto, entendo que deixaram várias lacunas sem explicação. Por
exemplo, estudar a cultura sem estudar a religião ou as matrizes religiosas do
nosso povo. Daí o objetivo principal do livro e o de facilitar o entendimento
da dinâmica social que vive atualmente o Brasil com este mosaico de religiões e
costumes.
Devemos alertar que o
primeiro capítulo terá a função de problematizar esta questão tão crucial, mais
do que aprofundar no objeto. Para esse fim, trazemos à baila alguns dos
principais clássicos do pensamento sociológico: Durkheim e Weber, aonde se
discutiram a problemática da religião em interface com a cultura.
Para relevância conjuntural deste assunto,
recorremos também às contribuições teóricas de relevantes sociólogos da religião
em interface com a interdisciplinaridade atual, Bourdieu e Berger, os quais fizeram
uma conexão da religião com a antropologia.
O segundo e o terceiro
capítulo serão mais dedicados à tarefa de ir à raiz do objeto, com a intenção
de trazê-lo à superfície. Nesta perspectiva, encontros e desencontros com a
historicidade formadora da raça mestiça, seu imaginário, suas ansiedades, seu
querer ser, suas ambigüidades, suas conexões de linguagem, suas cores
indefinidas, enfim, o que é ser brasileiro?
Assim, recorro a alguns que
forneceram um grande arcabouço de estudos, nos campos e fora deles. Vale citar os
primeiros como Raimundo Nina Rodrigues, Artur Ramos, Cassiano Ricardo. Também a
segunda geração como Gilberto Freire, Sergio Buarque de Holanda, Darcy Ribeiro
e Amalio Pinheiro, sem contar com inúmeros pesquisadores no campo das ciências
sociais, já na terceira geração de pesquisadores como João Batista Pereira,
Raquel Teixeira, Pierre Sanchis, Renato Ortiz, Antônio Flávio Pierucci e
Reginaldo Prandi, sem contar com inúmeros das ciências sociais que trabalham a
religião e a cultura com interdisciplinaridades.
O quarto e último capítulo
se reserva a discutir a problemática do sincretismo religioso em interface com
as novas manifestações religiosas especialmente aos movimentos de ganhos e
perdas de adeptos das mais variadas representações religiosas significamente
nas adaptações e aculturações.
Desenvolvi alguns pontos
que achei interessante como: Confluências e divergências no campo religioso
brasileiro atual e os casos das denominações neopentecostais.
Concluir este capítulo
interpelando se é possível um dialogo inter-religioso.
Assim, a religião
faz parte da cultura, é um fenômeno que reflete a cultura. A religião é
constituída por mitos, rituais e comportamento moral; ela interpreta o processo
da cultura e pode interpretar também a união ou a comunhão humana; ela nos diz
algo sobre o significado de comunidade. É assim que verificamos a importância
da religião e a cultura como ingredientes deste caldo sincrético brasileiro.
[...]....
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ANEXOS
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